ósculos perdidos
Passas a tua mão na minha cara e dizes adeus. Pergunto-me se será o último. Vou para casa e deito-me. Novo dia, com um novo desespero, o desespero de te sentir perto e não te poder roubar um ósculo. As saudades apertam.
A distância separa-nos e o trabalho avassala-te. O diálogo vai-se reduzindo, algo não está bem, pressinto-o. Passaram duas semanas, finalmente vou poder olhar nos teus olhos. Estás tão cansado… algo te perturba, será que é O que tenho medo de ouvir? Sinto-te a tentar ganhar coragem, a organizar o pensamento, a escolher as palavras com que O vais dizer. E finjo que tudo isso que está a acontecer me é alheio.
Está tanto frio. Não, não é por estarmos sem barreiras para com as estrelas em pleno Inverno, és tu! Foi o calor da tua alegria, do teu ser que se esvaiu.
Finalmente ganhaste coragem, não O digas por favor, dói tanto ouvi-lO. Disseste-O! Mas eu consegui, nos meus olhos consegui reter as lágrimas que eram para ti, se cair a primeira, as outras segui-la-ão. Ouço o que tens para dizer embora saiba que não é o mais real. Se preferes assim, quero que acredites que aceito essa tua razão. Abraças-me! É o último. Se aqueles segundos pudessem ser horas…
Quanta angústia, quanto pesar da minha alma, quanta saudade e quanta raiva me apoderam. Mas sou forte, mesmo sem o apoio dos que tantas vezes mo vêm cobrar e eu, de braços e coração abertos, ofereço. Enterrar-te foi mais fácil do que alguma vez pude imaginar. Disse-te que a minha frieza podia superar em muito a tua e assim foi porque eu já não sei o que é sentir.
ana