sexta-feira, abril 28, 2006
domingo, abril 23, 2006
"ANTEMANHA O mostrengo que está no fim do mar Veio das trevas a procurar A madrugada do novo dia Do novo dia sem acabar E disse, «Quem é que dorme a lembrar Que desvendou o Segundo Mundo Nem o Terceiro quer desvendar?» E o som na treva de ele rodar Faz mau o sono, triste o sonhar, Rodou e foi-se o mostrengo servo Que seu senhor veio aqui buscar. Que veio aqui seu senhor chamar- -Chamar Aquele que está dormindo E foi outrora Senhor do Mar. " Fernando Pessoa, Mensagem Ouvi, ou li, há uns tempos, que o Portugal que conheço agora não é o Portugal que existiu um dia, que o Portugal em que o Fado é tristeza e não Destino, em que ousar sonhar é cair em loucura, em que tudo é mau porque somos portugueses, em que as almas- embora crentes-são pobres de espírito foi outrora o Portugal em que o Fado era o Destino, em que loucura era não sonhar, em que tudo podiamos pois"Tudo vale apena/Se a alma não é pequena". Foi esta a Lusitânea de Viriato, foi este o Porto Cale de Afonso Henriques e Egas Moniz, foi este o Portugal de D.João I e Nuno Álvares Pereira, do Infante D.Henrique, de Camões e até mesmo de D.Sebastião. O que eu ouvi, ou li, foi que esse Portugal que mostrou o Mundo ao mundo, a saber a sal, foi levado por uma onda, abalado por um sismo. O Portugal que eu queria e já não tenho foi deitado abaixo a 1 de Novembro de 1755. Nesse dia nasceu o Portugal do D.Miguel e do D.Carlos, do Manuel de Arriaga, do Eça, Salazar, Caetano, Soares, Cavaco, Guterres e Sócrates: nasceu o Portugal do Purgatório, onde tudo é mau e tudo se critica porque ter iniciativa e sonhar dá muito trabalho, nasceu o medo e a fraqueza. E tudo porque foi castigo divino! Porque o Monstrengo a quem roubámos o mar veio numa onda roubar Portugal. Eu digo: Fomos grandes, seremos maiores! Basta querermos. Temos almas grandes.Não precisamos ser o Portugal do passado nem o Portugal do presente! Já tivémos o suficiente dos dois para aprender a lição. Como disse Pessoa : "Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez./Senhor, falta cumprir-se Portugal!" Lara
Into my arms... Nick CaveThe Boatman's Call (1997) Into My Arms "I don't believe in an interventionist God But I know, darling, that you do But if I did I would kneel down and ask Him Not to intervene when it came to you Not to touch a hair on your head To leave you as you are And if He felt He had to direct you Then direct you into my arms..." He answered my prayers seven years ago. And He showes me the way everyday. Lara